urbBA[23]
Os urbBA's, desde 2011, primam por temáticas instigadoras, prementes, sempre considerando as interfaces entre conjunturas sociais e o urbanismo, o planejamento e afins. Tendo como tema Territórios ex-Cêntricos: sujeitos, ações, interfaces, o urbBA[23] é especialmente mobilizado pela criação da Secretaria Nacional de Periferias no Ministério das Cidades, processo que requer acompanhamento e contribuições advindas dos debates acadêmicos e ativismos político-sociais diversos. Já em 1994, Milton Santos anunciava o retorno do território como lugar da ação e da resistência da sociedade civil, em busca de realização plena de direitos. A questão ambiental agudizada, os desastres naturais, as emergências sanitárias e as múltiplas redes que ancoram as sociabilidades reforçam a importância do território enquanto lócus de articulação entre processos vitais e a ética requerida para as mudanças em curso. Entretanto, o território é ainda negligenciado em abordagens mais canônicas da questão urbana e, sobretudo, na formulação de políticas, constatação essa já presente, desde os anos 1980, no campo das ciências sociais, aplicadas e humanas. Daí a urgência da discussão sobre Territórios ex-Cêntricos. Eles reúnem dimensões simultâneas e contemporâneas que, ao mesmo tempo, os particularizam enquanto possibilidades de outras realidades e os relacionam com os processos cêntricos, hegemônicos, verticais, opressores. Dissociam-se dos centros, mas gravitam com eles em relação assimétrica e conflitiva. Não passíveis de clausura espacial ou temporal, sua condição de existência está ancorada nos processos de reprodução da vida, com suas delicadezas e embates. Com base nestas inquietações, o urbBA[23] busca conceituar, analisar e compreender esses territórios a partir de abertura onto-epistemológica e de horizontalidades críticas nos processos pluridisciplinares de formulação de questões e de elaboração de políticas, mediante 04 eixos de discussão.
Os urbBA's, a cada ano, trazem temáticas relevantes, urgentes e que requerem aprofundamentos em conteúdo e método, bem como novas problematizações e proposições. Realizam-se como evento aberto e gratuito, com possibilidades de participação presencial e remota (a partir da pandemia), permitindo amplitude de lugares de origem e de instituições, bem como a pluralidade de abordagens e proposições, como se vê pelo perfil de inscritos e convidados. Constroem assim uma grata tradição, ao buscarem fertilizar os campos do urbanismo e afins, contribuindo para o enriquecimento da produção científica, para a cooperação na seara acadêmica e desta com a sociedade civil. Como atividade universitária de extensão, constituem-se em importante meio de legitimação da universidade pública, pela via combinada da formação, da incidência nos contextos vulnerabilizados e da coprodução do conhecimento acerca dos processos urbanos.
O urbBA[23] elegeu 04 eixos motivadores para discutir os Territórios ex-Cêntricos: sujeitos, ações, interfaces, a partir dos quais será feita a chamada de trabalhos:
1) Territórios ex-cêntricos, uma ideia em construção;
2) Política urbana, regulação e territórios ex-cêntricos;
3) Ex-centricidade como ação política;
4) Ações ex-cêntricas de formação e incidência nos processos socioespaciais.
A partir deles e da presença de palestrantes e participantes de outros países e estados, do mundo acadêmico, de instâncias governamentais e da sociedade civil, com variadas trajetórias participativas e políticas, a idéia de territórios ex-cêntricos será debatida, problematizada, compartilhada, apropriada e transformada. Do evento, espera-se a configuração de um ambiente inquieto e estimulante para que o território ex-cêntrico possa se constituir em categoria teórico-analítica, em instância de proposição e acompanhamento de políticas públicas, respeitada a interação com sua condição permanente de espaço de exercício da vida, da política e de suas contradições e potencialidades.